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domingo, 30 de março de 2014

Departamento Central - Assassinatos em Série

Capítulo 10 - O Início das Oitivas



     Sabrina e Cristian passaram o restante da tarde na cama, aproveitando bem da folga que lhes foram proporcionada. Por volta das dezoito e quarenta, Sabrina acordou, olhou para o lado e viu Cristian deitado na cama de bruços; então um sorriso malicioso brotou em sua face, pois o garoto estava completamente nu. Ela levantou-se um pouco cansada, e foi diretamente para o banheiro tomar um banho de ducha.
     Quando eram dezenove e vinte e três, Cristian sai do quarto vestindo a camisa branca que estava limpa e cheirosa. Ele abotoava  a camisa e escondia o corpo que Sabrina ainda avaliava da cozinha. Havia uma mesa posta na copa, e a investigadora terminava de cozinhar algo.
     _ A camisa ficou limpa. - Disse Cristian se aproximando de Sabrina para dar um beijo nela. - Obrigado! - Na hora que ele foi beijá-la, a investigadora virou o rosto, e ele acabou beijado a face dela.
     _ Espero que o que aconteceu aqui hoje não mude nada, principalmente entre nós! - Falou a policial indo em direção à mesa para colocar o que ela acabara de cozinhar.
     _ Se prefere assim. - Disse Cristian um pouco sem graça. - Por mim tudo bem!
     _ Fiz um jantar pra gente. Sente-se aqui, vamos comer.
     Cristian ficou chateado com o que Sabrina acabara de fazer com ele. Como seria possível depois de uma tarde de pegação e prazer, ela agisse como se nada tivesse acontecido? Ele olhou para a policial que já começava a se servir e seguiu até o sofá; levantou uma almofada e pegou seu coldre com a pistola. Seguiu calmamente até a porta do apartamento e girou a maçaneta.
     _ Cristian, o que você está fazendo? - Dizia Sabrina com um prato cheio na mão. - Aonde você vai?
     _ Estou seguindo o que você disse. - Cristian falou passando pela porta. - Já que não é pra mudar nada, principalmente nem entre nós... - Ele fez uma pausa rápida e continuou. - Você janta sozinha. Pois esse é seu dia a dia, ficar sozinha! - Ele concluiu terminando de sair e fechando a porta.
     Quando Cristian acabava de fechar a porta, Fred aparecia atrás dele.
     _ Novato?! - Fred falou surpreso. - Sabrina está aí?
     _ Olá Frederico. Boa noite pra você também. - Cristian disse já irritado. - Primeiro que meu nome é Cristian, e não novato. Segundo, a Sabrina está sim. Pode chamar aí.
     _ Calma garoto. - Dizia Fred tentando concertar as coisas. - Me desculpe Cristian, eu estava brincando. Está nervoso assim por qual razão?
     _ Por nada não. - Cristian respondia de forma seca e ríspida. - Com licença, tenho que ir. E como eu disse, pode chamar Sabrina aí, que ela está jantando.
     _ Ah sim! Obrigado. - Ele falava calmamente. - Mas como ela já está jantando e nem me esperou? - Concluía Fred abrindo a porta sem bater e entrado.
     Naquele momento Cristian sacou que havia algo entre Sabrina e Fred. A revolta nele ficou maior; ele pensou em voltar e jogar tudo na cara de Sabrina, mas ele resolveu deixar pra lá e tentar se conformar que aquela tarde não passara de uma transa casual.


     Quando Sabrina chegou à delegacia, havia uma fila de pessoas esperando atendimento e outras aguardando seu momento de serem ouvidos. A investigadora foi até à cozinha com intuito de encontrar Cristian, pois era nesse cômodo da delegacia que os policias se encontravam pela manhã. Todos que passavam por Sabrina, olhavam para o relógio querendo saber as horas, pois não era comum ela chegar no horário.  Entrando na cozinha, Sabrina da de cara com Cristian conversando com Mirella, uma investigadora nova que acabava de chegar na delegacia. Mirella era morena de cabelos negros e muito longos; tinham olhos esverdeados, um pouco mais claros que os olhos de Cristian; tinha seios mais para pequenos do que para normais, mas tinha uma bunda farta e bastante definida; ela não era magra e nem gorda, tinha um corpo sensual; no fim das contas; Mirella era tão bela quanto Sabrina. A investigadora ficou com ciúmes quando viu os dois conversando. Ela chegou perto de Cristian e interrompeu a conversa deles.
     _ Preciso conversar com você!
     _ Bom dia Sabrina. - Disse Cristian dando um sorriso falso. - Essa aqui é a Mirella, uma nova investigadora que chegou na delegacia hoje.
     _ Olá Mirella. Meu nome é Sabrina. - Ela falou apertando a mão da novata. - Seja bem vinda.
     _ Obrigada! - Disse a nova investigadora com um sorriso encantador.
     Quando Mirella conversou, Sabrina ficou preocupada, pois a voz da moça era doce e meiga, com um tipo de sonoridade que parecia hipnotizar quem estava próximo a ela.
     _ Com licença Mirella, preciso falar uma coisa urgente com o Cristian.
     _ Ah sim, sem problemas. Eu tenho que ir até a sala do delegado para me apresentar a ele. - Concluiu a novata saindo da cozinha e deixando Sabrina e Cristian a sós.
     _ Deixa de ser mal educada Sabrina. - Cristian falava enquanto colocava a xícara do café na mesa. - O que é de tão urgente assim que você quer falar comigo?
     _ Queria esclarecer as coisas sobre ontem.
     _ Esclarecer o que? Que você costuma ficar com colegas de trabalho? - Dizia ele em voz mais alta que o normal e encarando-a. - Ou que eu não devo ficar diferente com você? Porque se for isso, eu já sei!
     _ Como assim ficar com colegas de trabalho? Que tipo de pessoa você está achando quem eu sou?
     _ Sabrina, eu sei que você está pegando o Fred e ele te pegando. Pra mim está tudo beleza. - Ele bebia um pouco de água. - Só quero te esclarecer uma coisa. Me tire desse seu joguinho de sedução. Eu curti o que rolou ontem, porém não vai rolar mais.
     _ Mas... 
     _ Mas nada. - Falou o garoto interrompendo a policial. - Vamos nos ater a assuntos profissionais. Nada além disso! - Concluiu ele saindo da cozinha deixando Sabrina sozinha e com água nos olhos.
     Quando Cristian passava na porta da sala do delegado, Dr, Roberto o chamou.
     _ Cristin, fiquei sabendo que você já conheceu a Mirella. - E Cristian confirmou com a cabeça antes do delegado continuar. - Quero que você e a Sabrina levem ela com vocês para as investigações desse caso dos homicídios. Ela fará parte da investigação com vocês!
     _ Tudo bem! - Disse Cristian sorrindo. - Seja bem vinda novamente.
     _ Sabrina. - Disse Dr. Roberto quando viu a investigadora se aproximando deles. - Quero dizer que...
     _ Já ouvi doutor! - Falou a investigadora interrompendo o delegado. - Então é bom ela me seguir, pois começaremos com a oitiva agora mesmo! - Ela concluiu entrando para a sala de interrogatório.
     O escrivão e a primeira testemunha já estavam lá. E todos se ajeitaram quando entraram o delegado e os outros três investigadores.
     _ Você pode começar e conduzir a oitiva Sabrina. - Disse Dr. Roberto. - Nós outros vamos ficar observando. Claro que se algum de nós tiver uma pergunta importante, vamos perguntar.
     _ Tudo bem doutor. - Disse Sabrina assentando-se em uma cadeira de frente para a testemunha e abrindo a pasta com informações do caso. - Pois bem  Sr. João, vamos começar com as perguntas. Tudo bem para o senhor?
     _ Pra mim tudo ótimo! - Respondeu o pai de Eloíse.
     _ O senhor acredita que sua filha poderia estar envolvida em assaltos quando namorava com o Miguel Matarazzo? O ex-namorado dela teria algum motivo além de ciúmes para assassiná-la? O senhor tem alguma informação importante para nos dizer a respeito de sua filha?
     _ Minha filha nunca se envolveria com nada ilegal. Ela sempre foi muito correta. Esse ex-namorado dela é um criminoso; um bandido; ele deve ser preso pelos atos dele. Minha filha sempre foi dedicada a tudo que ela fazia, o único defeito dela foi ter namorado com aquele marginal.
     _ Qual foi o horário que o senhor viu o Miguel no hospital? Ele chegou a afrontá-lo quando ele entrou no quarto e o senhor estava lá?
     _ Eu não me lembro do horário que ele estava no hospital, e ele não seria louco de entrar no quarto comigo lá dentro, pois eu não sei o que seria capaz de fazer com ele caso ele tivesse essa ousadia.
     _ Quantas vezes o senhor saiu do quarto e deixou a sua filha só?
     _ Eu saí apenas uma vez. Foi justamente para avisar aos seguranças que o Miguel estava no hospital.
     _ Então como o senhor sabia que ele estava no hospital, se ele não entrou no quarto com senhor lá, e o senhor não saiu de lá antes de saber que o Miguel estava naquele lugar?
     Nesse momento o Sr. João ficou calado, suou frio e pediu um pouco de água. Cristian saiu da sala dizendo que pegaria a água para ele.
     _ Enquanto ele pega a água do senhor, responda a pergunta que eu fiz. - Disse Sabrina encarando aquele homem mais velho. - Há uma incoerência na sua afirmativa. Tem algo errado. Talvez o senhor tenha se confundido e tenha saído do quarto mais de uma vez.
     _ Não cheguei a sair outras vezes. Eu só saí do quarto uma vez como eu disse.
     _ Então como o senhor explica essa falha no depoimento?
     _ Tudo bem, eu explico. - Disse o velho limpando o suor do rosto. - Minutos antes de Miguel chegar no hospital, eu recebi uma mensagem dele no meu celular.
     _ E o que dizia essa mensagem? - Disse Sabrina interrompendo João.
     _ Ele pediu permissão para que ele pudesse ver Eloíse.
     _ E o que o senhor respondeu?
     _ Óbvio que eu não deixei. Disse que se ele ousasse chegar no quarto, eu chamaria a polícia. Então ele me enviou outra mensagem dizendo que já estava na frente do quarto e que ia entrar. - Ele respirou fundo e continuou. - Neste momento eu mandei uma mensagem dizendo que eu já estava ligando para a segurança do hospital. Depois disso ele não respondeu mais, foi quando eu saí do quarto e fui avisar a segurança.
     Sabrina passou algumas páginas da pasta; pegou um pedaço de papel, escreveu um número e mostrou para João.
     _ O senhor conhece esse número de celular? - E disse ela o número em voz alta para que o escrivão pudesse anotar. - Conhece ou não?
     _ Claro que conheço. - Disse João fazendo uma cara de quem não estava entendendo o que ela queria com aquilo. - Esse número de celular é o meu!
     _ Pois bem. - Disse Sabrina passando mais algumas páginas daquela pasta e parando em algo específico. - Não sei se o senhor sabe... - Ela pausou e sorriu, só então continuou. - Claro que o senhor não sabe, pois o que vou dizer é informação sigilosa. - Ela continuava sorrindo. - Nós conseguimos por vias legais, a quebra do sigilo telefônico de Miguel Matarazzo. E consta aqui nos registros alguns SMSs que o senhor mandou para o Miguel ameaçando acabar com a vida dele se ele não deixasse a sua filha. Isso ocorreu antes dela terminar o namoro é claro. Inclusive temos as mensagens trocadas pelos dois, no dia do assassinato da filha do senhor. - Sabrina colocou-se de pé e segurou a pasta nas mãos. - Vou ler algumas em voz alta. - Disse ela começando a ler. - "Sr. João, estou no hospital, preciso muito ver minha querida Eloíse". Então veio a resposta. "Não venha subir até aqui, pois sei que você fez isso a ela. Você quis se vingar de mim, mas vou acabar com a sua vida". Ele retornou. "Eu não quero me vingar de nada. Eu amo a Eloíse, não fui eu quem fez isso a ela. Estou chegando de frente ao quarto. Posso entrar? Por favor!". Então o senhor respondeu. "Vou chamar a polícia! Tenha certeza que já preparei uma maneira de acabar com sua vida". Depois disso acabaram-se as mensagens entre o senhor e o Miguel. - Sabrina assentava-se novamente na cadeira e encarava o pai de Eloíse. - Me explique Sr. João. Por duas vezes o senhor afirmou que acabaria com a vida do Miguel. O senhor pretendia matá-lo? Falou que ele queria se vingar do senhor. Qual o motivo que ele teria para fazer uma vingança?
     _ Eu falei que acabaria com a vida dele chamando a polícia. Arruinando a vida dele, essa seria a melhor palavra. Pois ele é vagabundo, criminoso. Eu sabia que ele estava "sujo na praça". - João calou-se, pensou um pouco e respondeu. - A vingança seria pelo fato de eu ter pedido minha filha para terminar o namoro. Então ele não gostou disso.
     _ Então o senhor acredita que ele matou a sua filha para se vingar do senhor por ter feito Eloíse terminar o namoro?
     _ Sim, Acredito nisso.
     _ O senhor afirmou aí agora com tanta veemência que sabia que Miguel tinha o "nome sujo na praça". Como o senhor tinha e tem tanta certeza disso?
     _ Porque ele é bandido. E bandido sempre está devendo alguma coisa.
     _ Tudo certo então. - Disse Sabrina colocando-se de pé. - Sr. João, muito obrigada pelo depoimento. Estou satisfeita por hoje. Algum de vocês tem perguntas para fazer? - Ela olhava para o delegado e a novata, que fizeram um sinal de negativo com a cabeça. - Então o senhor está dispensado, caso venhamos precisar de mais informações com o senhor, nós o intimaremos novamente.
     _ Obrigado! - Disse Sr. João. - Com licença. - Concluiu ele saindo da sala. 
     Cinco minutos depois que João saiu da sala de oitivas e que Sabrina organizava as novas informações na pasta, Cristian entra com o copo de água.
     _ Agora? Acredito que você chegou um pouco tarde garoto. - Disse o Dr. Roberto dando um sorriso.
     _ Desculpe-me doutor. - Disse Cristian colocando o copo em cima da mesa. - É que quando eu fui buscar a água, eu recebi uma ligação da segurança do hospital onde Eloíse fora assassinada. No dia que fui dar uma olhada nas gravações das câmeras, uma delas havia dado um pequeno problema. Eles tinham me dito que iriam tentar resgatar a imagem daquela câmera, e se conseguissem, me enviariam uma cópia. Que por sinal, ela acaba de chegar aqui.
     _ Essa câmera gravava qual local do hospital? - Sabrina perguntou curiosa.
     _ Ela gravava o estacionamento. 
     _ Você já viu o conteúdo dessa gravação?
     _ Não Dr. Roberto. Pretendo ver agora. - Disse Cristian mostrando um DVD para o delegado.
     _ Então suspendam a oitiva por alguns minutos. - Afirmou o delegado. - Vamos dar uma olhada nesse DVD e ver se ele nos diz algo importante.
     _ Então vamos! - Disse Sabrina colocando-se de pé e ficando ao lado dos demais enquanto Cristian ligava o aparelho de DVD com as imagens do estacionamento do hospital. 
***



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